12 de agosto de 2008

Poema sem Palavras

A luz de um dia
Reflete o branco da folha vazia
Que não reflete o poeta,
De frente para a vida concreta.
Concreto, aço e asfalto
Me tomam de assalto,
Me roubam as palavras,
Me engolem os sonhos.
Na soma dos pensamentos me reponho
E ajunto todos os meus cacos
Espalhados em cada não
De cada vão de cada esquina.
E o poeta em sua sina
Olha de novo pra folha
Que já não está vazia,
Tampouco traz palavra alguma
E na soma das lacunas
De concreto e de esquinas
De inalcançável chamou seu antigo lema
E escreveu seu novo poema
Só com lágrimas na folha vazia.

Demétrio Lechmann

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